sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um comentário muito infeliz


No aniversário da Novembrada, o jornalista Luiz Carlos Prates da RBS, na tentativa de ser polêmico, fez um dos comentários mais idiotas de toda a sua carreira. Prates afirmou, entre outras coisas, que “A Novembrada foi uma reação de perdedores, de fracassados. O Brasil nunca cresceu tanto quanto na ditadura militar. Universidades foram multiplicadas, estradas foram ampliadas. E de lá para cá, o Brasil andou para trás.” Ainda segundo o jornalista: “Eu andava pelas ruas com seu radinho e com o salário no bolso, mas hoje isso não é mais possível. Que tipo de progresso veio com a democracia?”
As respostas para essa pergunta são tantas que renderiam um livro. O primeiro e talvez mais importante progresso: a LIBERDADE de alguém falar uma asneira dessa e não ser sumariamente preso, torturado ou até mesmo morto.  
Quanto às obras, é evidente que um regime que ficou vinte e cinco anos no poder tem que fazer alguma coisa. No entanto, Juscelino Também fez diversas obras e foi eleito democraticamente. O próprio Lula em seu governo já autorizou a implantação de dez universidades federais. Sendo assim, é totalmente falaciosa a relação entre governos ditatoriais e grandes obras.
Luiz Carlos diz que nunca o Brasil cresceu tanto quanto na ditadura militar. Engraçado que ele novamente “esqueceu” da década de oitenta, também conhecida como década perdida, justamente pelo crescimento praticamente nulo registrado no Brasil naquele período.
Prates ainda fez demagogia barata ao afirmar que atuou na linha de frente do jornalismo e nunca sofreu nenhum tipo de censura ou punição. O que ele “esqueceu” de mencionar é que ele durante muito tempo atuou como jornalista esportivo que até onde se sabe pouco precisa se envolver com o debate político do país.
O jornalista ainda deixa a entender que no governo dos militares todos eram honestos e não havia corrupção. Para responder a essa afirmação cita-se a coluna de ontem, do jornalista Clóvis Rossi ,da Folha de São Paulo: A ditadura pareceu ter sido menos afetada pela corrupção apenas porque a censura bania boa parte do noticiário a respeito.
Luiz Carlos Prates tentou e conseguiu criar polêmica com os comentários pena que é só parar para pensar um pouco e ver que todas as suas afirmações são no mínimo discutíveis, quando não falaciosas.

Pra quem quiser assistir ao comentário do Jornalista: http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=2&contentID=88189&channel=47

Colaborou: Elisza Peressoni Ribeiro

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Novembrada

No dia de ontem, completaram-se trinta anos de um dos principais acontecimentos históricos ocorridos aqui em Santa Catarina, a Novembrada.
Para quem não sabe, a novembrada foi uma série de protestos realizados pela população de Florianópolis motivados pela visita oficial que o então Presidente, o General Figueiredo, fazia à cidade. Os protestos geraram repercussão nacional, visto que culminaram com o enfrentamento cara a cara do Presidente Figueiredo com os manifestantes.
Os protestos foram organizados inicialmente pelo Diretório Central dos Estudantes- DCE, da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, porém logo ganharam corpo com a ajuda de centenas de manifestantes anônimos.
Os estudantes organizadores do protesto acabaram sendo presos pela Polícia Federal dois dias depois e posteriormente libertados quinze dias depois.
A Novembrada é um fato importante da história recente brasileira, visto que foi uma grande manifestação de insatisfação com o governo, por parte da população. E ainda colocou um Presidente-Ditador frente a frente com o povo que ele deveria servir.
Esse fato histórico muitas vezes não é tratado com a devida importância. Principalmente pelos florianopolitanos que muitas vezes nem sabem do que se trata e do significado desse acontecimento.
Para quem quiser saber mais, recomendo o site do Diário Catarinense que fez um excelente trabalho, retratando com detalhes o que aconteceu na época.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Eficiência do Judiciário


                Foi notícia ontem na internet e hoje na Folha de São Paulo que a justiça paulista suspendeu a eficácia da lei que isentava os frequentadores de shopping  centers de pagar estacionamento caso gastassem no local pelo menos dez vezes o valor da taxa. Até aí nada demais, afinal é função do Poder Judiciário julgar a constitucionalidade das leis. O que assusta, principalmente pra quem vive o dia a dia dos tribunais no Brasil, foi a agilidade com que esta decisão foi tomada. A lei passou a valer na terça-feira, depois da Assembléia Legislativa de São Paulo derrubar o veto do Governador José Serra. Desta forma, quarenta e oito horas depois da entrada em vigor da lei, o Judiciário já se manifestou pela inconstitucionalidade, suspendendo os efeitos da norma. Importante ressaltar que a ação foi proposta pela Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), que obviamente gerencia milhares ou até bilhares de “interesses”.
                O que realmente fica difícil de entender é como questões que mexem com grandes interesses políticos ou econômicos são julgadas tão rapidamente e outras de pessoas normais, dos “meros mortais”, levam tanto tempo. Para se ter uma idéia, um advogado conhecido deste blogueiro, e que exerce há pouquíssimo tempo, já viu FALECER dois clientes seus graças à morosidade da justiça em julgar seus pleitos pela distribuição dos remédios que necessitavam. Vejam bem, não lhes foi negado o direito de receber o remédio, o pedido sequer foi julgado pelo Judiciário. Seria importante saber onde andam as corregedorias que tem a função de fiscalizar a atuação dos magistrados.
                O deputado Rogério Nogueira (PDT), autor do projeto, já disse que recorrerá da decisão que suspendeu a aplicação da lei. 
Será que ele vai ter a resposta em quarenta e oito horas?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Porque o Flamengo não deve ser campeão


                Um dos assuntos mais comentados nos últimos dias é a reta final do Campeonato Brasileiro. A disputa pelo título envolve quatro times que ainda possuem chances matemáticas de serem campeões. São eles em ordem de chance, segundo o UOL: São Paulo, Internacional , Flamengo, e Palmeiras. Dois paulistas, um gaúcho e um carioca. Todos times tradicionalíssimos do nosso futebol. Times por onde passaram diversos craques, como Zico, Falcão, Careca, Ademir Da Guia, etc. Impossível dizer que algum deles não tem “cancha” pra ser campeão.
                Contudo, este blogueiro torce para que o Flamengo não seja campeão. Explica-se. Dos times candidatos ao título, o time carioca é o que simboliza o que há de pior no futebol brasileiro.
                O Palmeiras tem como presidente um dos economistas mais renomados do Brasil, Luiz Gonzaga Belluzzo, além de um centro de treinamento e estádio próprio.
                O São Paulo é o maior exemplo do que uma boa administração pode render. O time é o atual tricampeão brasileiro, o mais vezes campeão do país, com seis títulos, possui um ótimo CT e o maior estádio particular do Brasil.
                 O Internacional de Porto Alegre serve como modelo a vários times do país, principalmente na sua política agressiva de sócios que hoje chegam a praticamente cem mil, o que o torna o time com mais sócios no país. Além disso, possui um dos melhores estádios do Brasil e que será uma das sedes da Copa de 2014.
                Já o Flamengo, possui um planejamento pífio, joga em um estádio  que não lhe pertence, é o time mais endividado do Brasil, com uma dívida estimada de R$440.000.000 (quatrocentos e quarenta milhões de reais), não possui uma política de sócios, etc.. Enfim é um grande exemplo do que não se deve fazer para alcançar o sucesso. Porém, como futebol não é matemática, ele está na ponta da tabela brigando pelo título.
                Assim, como forma de incentivo à profissionalização dos clubes brasileiros, este blogueiro torce para que o Flamengo não se sagre campeão. Ele espera que as boas práticas sejam recompensadas e que com isso vários outros clubes percebam como vale a pena se organizar, planejar, pagar as contas em dia, investir em sócios e nas categorias de base e assim por diante.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Quarto Poder e os Escândalos

            Desde o começo da década de noventa, o Poder Legislativo brasileiro, tem sido personagem de diversos episódios de corrupção, imoralidade e improbidade. Desde os anões do orçamento, à compra de votos para a emenda da reeleição, o mensalão, a máfia das ambulâncias, atos secretos, entre outros, são escândalos protagonizados pelo Congresso Nacional.
             Entretanto, a pergunta que deve ser feita é por que esses escândalos sempre “estouram” no legislativo? Será que nos outros poderes não há casos graves de corrupção? Será que o Judiciário não tem corruptos? E no Poder Executivo?
                    A resposta é simples: o Legislativo é o mais fraco dos três poderes. 
            O Judiciário é extremamente corporativista, onde todos os membros se defendem mutuamente e principalmente defendem o prestígio e a honra do Poder do qual fazem parte. Isso resta provado ao observar a força que tem a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil e a AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros.
            O Executivo possui um chefe, o Presidente da República e seus indicados em cargos de confiança estão espalhados por toda a Administração, garantindo que a imagem de seus superiores e principalmente do Presidente seja preservada. Além de possuir uma fabulosa verba para gastos em anúncios e em publicidade.
            Já o Legislativo é composto por 584 cidadãos (513 deputados e 81 senadores) que a cada quatro anos disputam eleições e que para serem votados devem aparecer. Desta forma, muitas vezes seus colegas são rivais ou até mesmo inimigos. Enfim, no Congresso é cada um por si.
            E é nesse cenário que entra a Imprensa, o quarto poder. Poder esse que, hoje em dia, no Brasil, não tem limites. A imprensa investiga, “processa” e condena. Na maioria das vezes, sem a menor possibilidade de defesa do “acusado”.  Pelos motivos explicados acima, fica evidente que o alvo preferido da imprensa é o Poder Legislativo. O Judiciário é unido e por isso forte. O Executivo é responsável por boa parte do faturamento dos grandes veículos. Logo, só lhes resta atacar o Legislativo que além de desunido, não tem nenhuma carta na manga.
            É importante deixar claro que não se almeja uma censura a imprensa ou um controle prévio, mas sim que ela seja responsabilizada pelo que pública. Que quando destrua a vida de cidadãos de bem, como no famoso caso do Deputado Federal Ibsen Pinheiro. Ibsen, na época Presidente da Câmara, foi acusado por uma revista semanal de ter movimentado um milhão de reais sem comprovar a origem. Por causa disso, teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos por oito anos. Vários anos depois, outra revista semanal descobriu que o repórter da publicação que divulgou o suposto escândalo havia confundido os números e que Ibsen na verdade tinha movimentado apenas mil reais. O episódio passou completamente impune, merecendo apenas uma menção no editorial da publicação lamentando o ocorrido.
            São muitos os outros casos em que a imprensa destruiu a vida de parlamentares e posteriormente, no Judiciário, essas mesmas pessoas não sofrem nenhum revés. O que se vê nessas notícias é uma tentativa da imprensa de ocupar um espaço que não lhe pertence tentando deslegitimar e enfraquecer um Poder Constitucionalmente constituído e fundamental para o pleno exercício da democracia.

Colaborou: Camila Martendal